domingo, 28 de outubro de 2012

Fugindo da "baba verde" ao trabalhar a natureza e história


O vídeo História das coisas informa a partir de animações a questão da Economia de matérias ou os processos das coisas: da matéria prima até seu descarte, apontando que o sistema linear num planeta finito que conduz as crises capitalistas: de recursos materiais, do lixo, etc.
Ilha das Flores aborda também a questão do sistema produtivo até o lixo, talvez por não ser apenas animação e ter o impacto da imagens, seu apelo é mais emocional.
São excelentes materiais para se trabalhar em sala de aula, desde a questão do processo produtivo até a questão do consumo ou desigualdade.
Porém não vou me furtar a pontuar algumas questões:
Intrigante é a palavra. Acho intrigante essa fala global – americana e/ou europeia - a respeito da consciência ecológica e da obrigatoriedade de preservar seja lá o que for. Justo essas nações que estão no mínimo dois séculos dilapidando os povos e o planeta?
Na hora e na vez dos países em desenvolvimento enfim, se desenvolverem: não pode mais! Ou pode, mas só um pouco. Ou pode, mas de acordo com os cuidados ecológicos deles.
O Japão e EUA ignoram o Tratado de Kyoto, a Europa transformou parte de suas florestas em cinzas. Acho intrigante justamente essa "aguda consciência e conversação ecológica" partirem justamente dessa parte do mundo.
A questão adquire na minha cabeça um tom mais desolador, pois as finadas experiências socialistas no mundo também não produziram nenhum tipo de comportamento ou prática eficaz para a questão da sustentabilidade ou mesmo da preservação. Sem pensar na questão humana.
Enfim, esvaziado de apologias a esse ou aquele sistema, creio que nós, "latino-americanos em desenvolvimento" (se é que somos isso) precisamos construir a partir de nosso espaço, tempo, experiência, paisagem e parâmetros, nossa própria abordagem conceitual e prática da tal consciência ecologia e humana. De forma que, é preciso, é necessário estar conectado com as vozes críticas globais, sim. Porém, que elas sejam misturadas ao nosso "jeito", pois dentro de nós (nossa cultura) ainda tem muito do índio que um dia os europeus pensaram ter exterminado e que globalização alguma conseguiu sepultar.
Um Índio (Caetano Veloso)
Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante
(...)
Um índio preservado em pleno corpo físico
Em todo sólido, todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiro
Em sombra, em luz, em som magnífico
(...)
E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio
O mesmo sistema que para manter a maquina a funcionar precisa destruir. A construção depende da destruição, seja do que chamamos de natureza, do planeta ou do próprio homem.
O ponto fundamental é que, depois de tudo que já vimos – sob olhares das diversas ciências – não existem (ou não enxergo mais) saídas prontas para o labirinto capitalista. Volto repetir que as finadas experiências socialistas também não sinalizaram nenhuma saída "sustentável" para as relações homem x natureza.
Ou seja, num sistema sou reduzido ao consumo noutro sou esmagado pelo Estado supostamente representante do coletivo. Labirintos ou a queda livre da (pós?) modernidade. Mas desta vez não temos nenhum fio de Ariadne ou paraquedas vermelhos para nos indicar a saída ou aplacar nossas quedas. Esse é um ponto.
Outro ponto é: a conversação/imposição ecológica importada dos países industrializados. Penso que não basta comprar (eis de novo a questão do consumo, até na crítica ao mesmo!) as ideias ou o estilo de vida ecologicamente correto embalado para consumo intelectual, filosófico e/ou material mesmo. Desde a compra de água "mais pura" até os restaurantes slow-food, produtos, em geral, sempre mais caros por terem o "selo sustentável".
Ano passado vi estampando em outdoors a inauguração de um "motel ecológico" (seja lá o que isso signifique) aqui em São Paulo.
Enfim, tudo é ou se tornará produto.
Acho no mínimo irônico que as sociedades que faz tempos trocaram seu contato com a natureza pelo controle dela, venham justamente nos ditar (esse ditar ai nem sempre tão explicito) modelos de harmonização da sempre tensa relação homem x natureza. Então prefiro pensar (quase evocar) a nossa "peculiaridade" em relação ao mundo, tão bem dita pela arte, mas ainda não tão explicitada pelas ciências humanas.
Digo que há muito em nós dessa relação mais íntima com a natureza ainda. Basta ir um pouco mais para o interior do Brasil e ver nosso pulsar verde (indígena) nos chazinhos para isso ou para aquilo, que tomamos! Ou na relação extremamente "respeitosa" e "harmonizada" com a natureza propostas/praticadas nos cultos afro-brasileiros. Temos isso em pleno 2012, não temos necessidade "comprar" o pacote fechado "do sustentável" produzido lá fora.
Sob esse olhar, obviamente temos que buscar equacionar o impacto de nossos atos no planeta, claro!
Não, não tenho a receita à brasileira da sustentabilidade, pois é um pensamento e prática cultural a ser erigido por nós, dentro de um processo gerenciando – eis a questão – também por nós.
Do nosso jeito.
Único.

domingo, 7 de outubro de 2012

História dos bairros

Da série "História dos Bairros", o vídeo aborda a História de alguns bairros da zona sul, incluíndo o Capão Redondo. Confiram:


Prof. Luciano